Por melhores que sejam as condições de vida, todos os cachorros – assim como todos os seres vivos – envelhecem e morrem. Em alguns casos, eles partem sem experimentar muito sofrimento, mas os diagnósticos de câncer são cada vez mais frequentes. Os tutores precisam aprender a viver com a situação, muitas vezes com um cachorro em estado terminal.
O aumento dos diagnósticos é explicável. A expectativa de vida dos cães é cada vez maior, as condições são cada vez mais confortáveis e, com isso, grande número de peludos experimenta o envelhecimento e as doenças características do desgaste orgânico.
Receber o diagnóstico de câncer nunca é fácil, mas os tutores precisam se fortalecer emocionalmente, porque eles têm uma tarefa importante a cumprir: oferecer, na medida do possível, os melhores tratamentos e adaptar a rotina à nova condição.
Além disso, é importante também reduzir ao máximo o sofrimento, os incômodos e desconfortos. Os cachorros percebem que estão doentes, mas não conseguem entender o prognóstico, nem os procedimentos necessários, muitas vezes difíceis.
Com algumas dicas, é possível conviver com um cachorro com câncer, acompanhar todas as etapas da intervenção médica e, se for o caso, preparar-se para a despedida. Para viver com um cachorro, é preciso estar pronto para o que der e vier, na saúde e na doença.
01. Procure informações
A primeira providência, ao descobrir que o cachorro está com câncer, é procurar informações. Os tutores devem pesquisar, identificar as opções terapêuticas disponíveis e conversar com especialistas.
É importante contar com a intervenção de um veterinário especializado em oncologia, que, na maioria dos casos, está apto – e disponível – para fornecer as informações necessárias. Os tutores devem evitar pesquisas superficiais e principalmente as opiniões leigas.
As pesquisas são importantes também para escapar das armadilhas dos remédios e tratamentos milagrosos. Amigos e parentes podem fornecer apoio moral, mas o câncer deve ser enfrentado com a orientação de especialistas.
Não é incomum surgirem terapias “alternativas” para superar um câncer – ou qualquer outra doença. A internet está repleta de sites duvidosos e existem profissionais inescrupulosos sempre prontos a oferecer a cura em troca de dinheiro.
É preciso fugir destas “soluções”. Os tutores precisam seguir a orientação dos médicos e outros profissionais de saúde. De acordo com as crenças individuais, sempre é possível buscar conforto em convicções religiosas, mas estas raramente alteram substancialmente o diagnóstico e o tratamento necessário.
Vale lembrar que alguns medicamentos alternativos (fitoterápicos e outros) podem até mesmo prejudicar o estado geral de saúde dos cachorros diagnosticados com câncer. Na melhor das hipóteses, esses remédios são inócuos, mas eles também podem atrasar as intervenções necessárias e comprometer definitivamente a vida dos peludos.
02. Converse com o veterinário
Provavelmente, o cachorro diagnosticado com câncer é encaminhado a um especialista, com quem nem o peludo nem o tutor estão acostumados. De qualquer forma, é preciso obter o maior número possível de informações e dirimir todas as dúvidas.
Na sequência, as orientações precisam ser seguidas à risca. O cachorro precisará se submeter a novas consultas, exames e procedimentos (inclusive cirúrgicos), seja para prolongar a vida sem desconforto, seja para superar o câncer.
O médico pode sugerir alterações na dieta alimentar e na rotina do cachorro. Dependendo do local em que o tumor está alojado, pode ser necessário reduzir a frequência e a intensidade dos exercícios físicos.
03. O tratamento em casa
Um cachorro com câncer quase sempre é tratado em casa. Com exceção de alguns procedimentos, em que é necessária a internação, a maior parte dos cuidados fica a cargo dos tutores, que precisam se armar com uma dose extra de atenção e paciência.
Os tutores devem se preparar para atuar como enfermeiros. É preciso cuidar da medicação, da nova rotina de consultas e exames, dos exercícios físicos indicados, verificar se o paciente está se alimentando de acordo com o recomendado, etc.
Em alguns casos – como os tumores de laringe e traqueia, por exemplo – os cachorros podem sentir dificuldades para se alimentar e, em alguns momentos terão de receber alimentação parenteral. No caso dos tumores de estômago ou intestino, podem ocorrer hemorragias e diarreias.
Além de garantir a higiene necessária, os tutores precisam confortar os cachorros doentes. Eles podem se ressentir com as dores e/ou com a redução da mobilidade. É importante também observar eventuais reações e o surgimento de novos sinais, para informar corretamente à equipe de saúde.
O cachorro não pode, sob nenhuma hipótese, ficar sem comer. A carência de nutrientes pode provocar quadros ainda mais graves, além de prejudicar a evolução do tratamento.
Os tutores também precisam observar os excrementos dos cachorros doentes. Qualquer alteração na cor, no cheiro ou na textura precisa ser comunicada ao veterinário. Pode ser apenas um efeito colateral da medicação, mas é preciso estar atento.
Da mesma forma, qualquer outra alteração deve ser observada e informada. Os cachorros com câncer podem ter problemas para se locomover (começar a mancar, por exemplo), ficar ofegantes, regurgitar alimentos, etc.
Na medida do possível, os cachorros precisam continuar brincando e explorando o ambiente. Os tutores podem adaptar as brincadeiras, carregar os peludos no colo para evitar escadas e rampas, permitir algumas atividades no tapete que antes só eram admitidas nos ambientes externos, etc.
A presença dos tutores é muito importante. Se o cachorro não consegue mais correr atrás de uma bolinha, ou se não é capaz de caminhar por uma quadra inteira, é possível improvisar carrinhos, ocultar e apresentar objetos, pedir a pata, etc. A atenção e a companhia são fundamentais nesta etapa, seja ela terminal ou provisória.
04. Encerrando a parceria
O câncer é uma doença que pode evoluir agressivamente. Quase sempre, os tumores se desenvolvem inicialmente de forma assintomática e, quando o diagnóstico é firmado, os tratamentos disponíveis não permitem a cura.
Em outras situações, mesmo com um diagnóstico precoce, a intervenção médica é limitada. Boa parte dos cães idosos não pode se submeter à anestesia geral e, portanto, cirurgias e outros procedimentos invasivos e dolorosos acabam não sendo opções viáveis.
Em algum momento do tratamento, os tutores podem se deparar com a necessidade de adotar cuidados apenas paliativos, que visam ao bem-estar, mas não se destinam à superação da doença.
Alguns hospitais veterinários oferecem este tipo de terapia, em que os cães ficam confortáveis até o momento da despedida. Pode ser uma decisão difícil, mas os tutores devem estar prontos para aceitar esta opção.
Os cuidados paliativos garantem que o cachorro com câncer mantenha a mobilidade com recursos como esteiras móveis, por exemplo. A medicação – composta basicamente por analgésicos e anti-inflamatórios – também é facilitada no ambiente hospitalar.
No caso dos animais terminais, chega um momento em que é sugerida a eutanásia. Não faz sentido manter um cachorro em sofrimento, se foram esgotadas as possibilidades de cura. O procedimento é indolor e o paciente pode contar com a presença e o apoio da família.
05. A morte
A morte de um cachorro, por qualquer motivo, é sempre dolorosa para os tutores, mas ela é natural: é o fecho de um ciclo que teve início com o nascimento e a adoção. Com certeza, todos os peludos, quando partem, deixam muitas lembranças para os que ficam.
Já foi dito que os cachorros vivem menos do que os humanos porque eles já nascem sabendo amar, e nós precisamos aprender através das muitas experiências pelas quais passamos. Quem adota um cachorro precisa estar preparado, porque, na maioria dos casos, eles vão embora antes de nós.
Felizmente, eles sempre deixam um rastro de recordações divertidas, emocionantes, cativantes. Os tutores também precisam se preparar para seguir em frente. Vale lembrar que, uma vez passada a fase do luto, a melhor homenagem que se pode prestar a um peludo que partiu para o céu dos cachorros – e o céu não pode esperar – é adotar outro filhote.
Não se trata de uma substituição: quem vive com um cachorro sabe que eles são insubstituíveis. É uma forma de mostrar que nós aprendemos muito com a convivência, e estamos prontos para colocar as lições que o peludo nos deu, recebendo um novo membro na família.
Fonte: cães online